sábado, 27 de fevereiro de 2021

Existe vida para além da Netflix #1

 


É Sábado, são 18h48 (não que o dia ou a hora tenha alguma coisa a ver, porque não tem, mas era só para contextualizar :P ) e estou a ver tutoriais online sobre análise estatística em SPSS, visto que os meus conhecimentos na matéria estão muito perdidos na minha cabeça, a baloiçar entre várias teias de aranha. Não me lembro de quase nada! Sem ser fazer médias e gráficos muito básicos (mesmo muito básicos) 

Ao mesmo tempo, aplico estes conhecimentos a uma base de dados que me deram para analisar.

E isto porquê? Bem que podia estar refastelada no sofá a ver Netflix e a comer junk food (aos fins-de-semana dá para fazer isso!), mas decidi investir parte do meu (pouco) tempo livre a revisitar alguns conceitos de análise estatística, porque isto fará (ou voltará a fazer) parte do meu futuro. A um médio/longo prazo, é certo, mas faz parte do futuro que eu quero começar a construir - mesmo que seja com passos pequeninos - já hoje.

Pois é, estou a pensar seriamente em voltar a estudar! Fazer um break do mercado de trabalho e ir para o next level em termos de educação. Estou muito entusiasmada com esse plano (pois ainda é um plano, nem projeto é como deve ser ainda), porque sou uma pessoa apaixonada pela área do conhecimento. Adoroooo aprender, adoro investigar (sou daquelas que procura tudoooo no Google e lê 400 artigos sobre o mesmo tema desde que seja de interesse e que clica em todas as hiperligações dos artigos da Wikipédia), estudar, ler, escrever, e tantas vezes dei por mim nos últimos anos (sim, anos) a dizer que saudades tinha de ser estudante, e se pudesse arranjar um trabalho relacionado com isso, e se me pagassem para aprender e construir conhecimento! A última coisa que eu me lembro de ter feito que gostasse realmente, pelo qual fui apaixonada realmente, foi a minha tese de Mestrado há 6 anos! Foi uma coisa que me realizou muito, ao contrário de tudo o que se seguiu (nunca tive um trabalho em que me sentisse mesmo mesmo realizada a 100%, e isso, para mim, é algo importantíssimo).

E porque não? Porque não encontrar uma forma de ser paga (que isto uma pessoa é adulta e ainda por cima com uma dependente, convém - convém só! - ganhar algum dinheiro) a fazer algo que gosto? Mas o que é que eu gosto? Muitas coisas até, mas aquele "bichinho" do "voltar a estudar" ou a fazer algo relacionado com a área do saber é algo que me cativa.

O bichinho foi crescendo e fermentando, e a ideia de me virar para a área da investigação foi ganhando terreno. Com um plano mais ou menos delineado, com recursos e ferramentas, com o que há disponível por aí, hei-de conseguir pôr isso em prática a médio/longo prazo :)

E isso começa-se com um refresh aos meus conhecimentos estatísticos (eles estão cá, juro... só preciso de os desenferrujar!) num sábado tranquilo ao final da tarde :)

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Lia

Esta é a Lia a contemplar os patos.





Responde prontamente "quá quá" quando ouve a palavra "pato".

Diz "ouiada" ("obrigada") quando lhe damos algo ou aceitamos algo dela.

Diz "dia" quando puxo muitoooo por ela com o "bom dia".

Diz "olá" a toda a hora. Até quando quer dizer "adeus". E outras vezes diz adeus com um abanar de mão muito atrapalhado e a palavra "Dêêê!".

Diz sem qualquer problema e bastante bem definida a palavra "tinta" que aprendeu no surpreendente espaço de 10 minutos quando brincávamos com tintas. (foi mesmo rápida esta palavra, até fiquei admirada!)

Não diz "papá" nem "pai" nem "mamã" nem "mãe". Acho que é por ainda ser demasiado confuso  porque ora dizemos "papá" e "mamã", ora dizemos "pai" e "mãe". Ela coitadinha não percebe qual é (seriously, temos de parar de fazer isto e stick to a word; eu, por acaso, estou mais inclinada para o "mãe", sempre achei "mamã" um pouco piroso, porém, creio que mais fácil de dizer!) 

Percebe muitíssimo bem as palavras "música" (quando pronunciamos, ela vai imediatamente a um brinquedo que dá música e toca lá para começar), "bola" (vai sempre buscar uma bola), "água" (faz "aaahhhh", aquele som refrescante que fazemos quando estamos com muita sede e damos aquele primeiro grande gole, sabem?), "pão" (é só a comida preferida dela, se lhe dermos um pão de mafra inteiro, ela come-o todo) e várias outras comidas (massa, arroz... quando ouve "sopa" é que já não gosta muito )

Adora música e já consegue trautear alguns pedaços de melodias random, das que ela gosta mais, creio eu; e trauteia-as mesmo quando não está a dar a música, o que me dá ideia que ela fica com as músicas na cabeça (já eu não posso dizer que aprecie particularmente o facto de agora estar constantemente com as milhentas "Músicas da Carochinha" a martelar na cabeça o dia todo  )

Extremamente irrequieta, é muito difícil mantê-la sentada por mais que 30 segundos. Tem uma energia do outro mundo, mesmo.

Todas as fases de "fofice" dos bebés são boas, por exemplo, quando são recém-nascidos é aquele cheiro maravilhoso e irrepetível (que infelizmente passado uns meses deixam de ter), mas diria que, agora sim, começa a melhor fase. Ela interage imenso connosco e está numa idade em que dá para fazer imensas brincadeiras e que é super gratificante ver o crescimento acelerado dela. O melhor som do mundo, eu desconhecia e agora sei qual é: as gargalhadas de riso dela quando fazemos alguma brincadeira inesperada!

E que sorte que tenho eu por poder acompanhar isto de perto! Um dia destes, uma moça com quem tenho contacto pelo Instagram, quando me perguntou o que eu agora costumava fazer com ela nestes dias que temos de estar em casa, eu respondi "Brinco!" e ela respondeu "isso é tipo o sonho de qualquer adulto, ficar a brincar". Esta frase dela de facto fez-me parar e agradecer a sorte que estou a ter. Este confinamento trouxe-me isso de bom: tempo, mais tempo e mais disponibilidade mental para a ver crescer, literalmente, a olhos vistos. A aprender coisas novas de dia para dia. A brincar! How awesome is that? Ela pede a minha atenção 95% do tempo, quer esteja acordada ou a dormir, e eu tenho todo o gosto em dar-lhe todo esse tempo. Sim, é esgotante, sim às vezes fico saturada, mas se olhar para a vertente geral, é muito bom eu poder estar a viver isto em pleno. Esta era uma das vertentes da maternidade que eu almejava vivenciar: o ver de perto como um ser humano se forma. Acho absolutamente fascinante todo este processo! 

Confesso que este mês me fez reflectir que em breve espero poder mudar o meu estilo de vida para que consiga passar mais tempo com ela! Claro que eu preferia que não estivéssemos a viver uma pandemia, claro que eu preferia que os motivos pelos quais temos de passar por estes confinamentos não existissem, mas a verdade, que não posso negar, é que realmente foi este confinamento que me obrigou a parar e a reflectir quais são as minhas prioridades atuais. E definitivamente, acompanhar de perto e estar mais presente no dia-a-dia com ela é algo que é uma prioridade absoluta para mim nesta fase! Mesmo que isso signifique fazer algumas mudanças, algumas adaptações, adiar ou abdicar de algumas coisas, mas ganhar muitas outras. É o Amor que faz isto :)

Esta é a Lia, a luz da minha vida há 1 ano e 2 meses 

Livre como Eu

 Houve poucas ocasiões na vida em que pensei "hoje nasce uma nova Cláudia". Tive uma dessas ocasiões esta semana. Foi um dia normal no qual materializei uma decisão que vinha a matutar (ou maturar) há muito, foi o primeiro passo de (mais) uma mudança na minha vida. Foi uma decisão completamente banal, ainda que bastante ponderada, tomada por milhões de pessoas todos os dias à volta do mundo. Mas para mim requereu grande coragem. 

    E foi um dos momentos em que voltei a pensar para mim mesma "hoje nasce uma nova Cláudia". Afinal, nem todos os momentos transformativos da nossa vida têm de se dar em contextos "wow", como quando ouvimos pela primeira aquela música que fica a ser uma das nossas favoritas, quando estamos a dançar de braços abertos numa discoteca sob o efeito de substâncias psicoativas, quando nos apercebemos da beleza real das mais pequenas coisas quando num momento de pura contemplação olhamos o que nos rodeia e começos a olhá-las com outras lentes, quando nos apaixonamos pela primeira vez, quando damos o nosso primeiro beijo, quando temos o primeiro orgasmo, ou seguramos uma bebé recém-nascida e pensamos como é possível tamanha perfeição nos nossos braços, quando olhamos no olhar de alguém e vemos lá o nosso mundo, enfim, em momentos de realização, eureka, das coisas mais elementares da vida, do quão ela é grandiosa e efémera ao mesmo tempo, de como ela se resume àquele sentimento. Intenso, sempre.

    Não, nem todos os momentos transformativos se dão nesses contextos nem com essa intensidade. Há alguns que se dão mesmo em momentos quase banais. 

    A minha intenção para este ano surge agora no final do segundo mês e é expressar mais a minha essência de liberdade.

    Quero ser livre das imposições que coloco a mim mesma. Quero tornar-me mais livre dos meus próprios preconceitos. Quero tornar-me mais livre das expectativas, minhas e dos outros. Mais livre da necessidade de validação dos meus sentimentos, desejos e decisões. Mais livre da obrigatoriedade de "ter de ser social", "ter de lidar com mais pessoas", "sair do meu casulo". (e se eu não quiser sair desse casulo? E se eu apreciar momentos mais reservados, mais virados para mim mesma, em que não quero ter de lidar com absolutamente ninguém fora do meu núcleo mais próximo? E então se esse modo de vida não encaixa comigo, não funciona?). Mais livre dos "e vão pensar que", "e vão dizer". Mais livre dos outros. 

    Mais livre das minhas próprias concepções do "devo ser assim", "devo fazer isto", "não devo fazer aquilo". Mais livre dos "deves" e "não deves!" 

    Mais livre da ideia de que viver permanentemente fora da zona de conforto para crescer, é bom. (é bom sim, mas há uma altura em que sabe - e faz! - virar as costas a esse desconforto constante que se torna mais prejudicial do que benéfico).

    Mais livre das correntes que amarro a mim mesma quando me obrigo a fazer algo que contraria a minha essência. E insisto e insisto e estico a corda até mais não, sob o mote de "ter espírito de sacrifício", "não posso desistir", "fica mal se", "já tenho idade para". Pensar um pouco menos nas consequências de todos os meus passos e ações, agir como o meu espírito "manda" mesmo que seja o oposto ao que o racional "manda". Ouvir o meu sexto sentido, sempre. Não resistir tanto a obececê-lo.

    Livrar-me da necessidade constante de ter tudo sob controlo. Deixar que as coisas fiquem mesmo fora de controlo! Abraçar o descontrolo.

    Enfim, mais livre de todos esses pensamentos que me retraem, me prejudicam e impedem de viver a vida como eu acho que ela tem de ser vivida, no meu íntimo - aquele íntimo mesmo que temos dificuldade em escutar devido a todo o ruído que a nossa da cabeça faz. Viver a vida só faz sentido se for com propósito, com sentido, com significado. Em todas as esferas da vida. E quando assim não é, tudo o resto é só mesmo e nada mais que ruído. Chega a um ponto em que nada acrescenta.

    E foi assim que, num dia desta semana, um dia banal, um passo foi dado neste sentido. E quando regressava a casa, tive um desses poucos momentos, "hoje nasceu uma nova Cláudia. Mais livre".

    Gosto de falar de mim, mas nem sempre consegui encontrar as palavras certas ou algo em particular que me descreva. Soava tudo a coisas muito clichés e eu gosto de coisas bonitas e não clichés! 😂
    Mas uma coisa eu sei, é como se fosse um mantra para mim: não vivo bem se não viver de acordo com aquilo a que chamo de "minhas verdades", a cada instante. Não é uma missão de vida ou um propósito, é apenas a minha essência e aquilo que eu sinto que se alinha comigo. É fazer aquilo que eu sinto como verdade, a cada dado instante, aquilo que eu avalio que faz sentido, e que pode mudar, independentemente de todo aquele ruído, conceitos e preconceitos, pessoas, influências externas, e tudo o mais. E fazer isso é sem dúvida uma coisa mais difícil do que aquilo que parece! Tantas e tantas vezes contrariei isso, insistindo em coisas, pessoas, situações, lugares, profissões, meios, modos de vida que chocavam com aquilo que é a minha essência, levando-me a nada mais que um limite em que já nem me conhecia a mim mesma, em que de certa forma estava a ser desleal comigo mesma, e tive de me libertar disso. (Talvez isto soe demasiado esotérico, mas lá está, é daquelas coisas que me faz sentido e que nem sempre consigo transpor em palavras.) Sempre com aquela dose de idealismo com a qual fui dotada e que me permite acreditar que podemos, sim, viver uma vida plena, satisfatória, feliz, sem que sejamos vítimas das nossas próprias falhas, falácias, limitações, e entregues ao que não nos cai bem só porque assim tem de ser. Há alternativa. Há sempre alternativa.

    Neste espaço, irei partilhar tudo o que me aprouver. Tudo o que tiver a ver comigo, com a minha vida e sobretudo com, lá está, as tais minhas verdades. Nem sempre vão ser textos bonitos. Às vezes podem ser imagens, música, uma frase apenas, coisas random do dia a dia porque as coisas random e banais também são importantes. Sei que a Cláudia do futuro, espero eu, um pouco mais liberta ainda do que é hoje, irá agradecer (como hoje em dia agradeço quando me ponho a ler os milhentas textos que fiz nas dezenas de blogues que já tive - e que depois fui abandonando e substituindo por outros, sempre que mudava de pele, em fases disruptivas de "agora nasce uma nova Cláudia, isto já não me serve, isto já não encaixa, vou viver a minha nova pele"). 

Aqui serei mais livre. 
Livre como Eu!