domingo, 4 de agosto de 2024

19052023

 

É incrível como os filhos refletem aquilo que existe dentro de nós de uma forma tão perfeita. Vejo tanto na Lia, da minha intensidade, emocional e simplesmente em viver, em existir. Dizem-me que faz birras mais intensas e é mais "teimosa" do que a média para a idade. Não sei, pois não tenho termo de comparação, e também não gosto que essa comparação seja feita, sequer. Mas percebo quando e por que o dizem, porque também o vejo. Não me sinto irritada com essa "teimosia" e "intensidade nas birras". Não sinto vontade de gritar nem de a repreender ou de alguma forma diminuir essa intensidade e expansividade dela. E não o sinto, porque faz parte da personalidade dela tanto quanto da minha, e aquela voz interna me diz que o certo é mesmo isso, aceitar. Aceitar e acolher é o que sinto como mais instintivo, ao invés de corrigir a expressão emocional. Nem sei explicar a calma que consigo manter, sem esforço, em momentos de caos e meltdowns emocionais dela. E quero muito, porque sei o quão importante isso é para um desenvolvimento equilibrado a todos os níveis, que ela sinta que tem um "safe space" para ser quem ela é, para sentir o que ela sente, para ela se expressar. Uma base, um porto seguro.Também acredito que cada vez mais tenho essa questão da não-aceitação resolvida em mim e isso ajuda muito.

 

O trabalho de me aceitar como sou sem me repreender por sentir as coisas de forma intensa, e sem acreditar quando me digam que eu tenho algum problema por ser "exagerada" ou "excessiva". Ser mãe de uma menina que vive as emoções desta forma tão genuína e forte, é um orgulho para mim. E um espelho para o qual eu olho e aceito cada vez de forma mais natural.

 

O meu papel é ajudá-la e ensinar-lhe a regular tudo isto que eu sei que ela sente dentro dela, a uma escala mais pequena e tendo em conta a idade, para que essa intensidade seja funcional na vida dela e contribua para o bem estar dela. Não para suprimir, contrariar, esconder, ou lutar conta essa parte da personalidade dela. E o mais engraçado, é que é precisamente o que também estou a fazer comigo própria. Esta jornada de uma maternidade em que estou a, também, ser mãe de mim mesma, livre de culpas e vergonhas e cada vez mais num caminho de fluidez e de aceitação, tem qualquer coisa de mágico 

 

 

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