Uma
das maiores aprendizagens que tenho tentado fazer ultimamente é um conceito que
não me é de todo estranho, mas que no dia-a-dia acaba por se perder, que é,
o simples viver no agora, no hoje. Isto é tão cliché!, mas um
daqueles que é verdade e se o soubermos integrar, pode ser life-changing...
Muitas
vezes tendo a focar-me no passado: os meus traumas, bloqueios e o
porquê deles, a necessidade de os desconstruir e compreender para pavimentar
caminho e melhorar a minha vida no presente. Isto é fundamental, mas se
ficarmos demasiado tempo nesse lugar, torna-se destrutivo!
Outras
vezes, no futuro: os meus objetivos, e sub-objetivos, as tarefas
diárias. Modéstia à parte, sou muito boa nisto! A definir objetivos, a
subdividi-los à unidade do dia (do género fazer X coisa por 10 minutos por dia
não é nada, mas a soma de todos os dias, vai crescendo), a organizar-me. É
extremamente importante mas, se fico muito tempo nesse lugar, também se torna
destrutivo, porque aí surjem os imprevistos, as coisas que não controlamos e,
em última análise, com tudo isso, a ansiedade, o medo e a desmotivação.
(o
facto de eu já conseguir nomear estes pensamentos e sentimentos para mim é um big
win, porque antigamente era tudo só caos mental, e cada vez agora consigo
perceber e organizar melhor esse caos; autoconhecimento é TU-DO!)
Então, o sweet
point está no meio disto tudo. Eu tenho uma ideia bem
definida do que seria a minha vida de sonho e dois grandes
impedimentos: as limitações que coloco a mim mesma pelas minhas feridas do
passado; e o facto do estilo de vida que ambiciono não se coadunar com a
necessidade atual que tenho de trabalhar a full-time (therefore o
objetivo da liberdade financeira,
não é o ter muito dinheiro ou ser rica, mas sim ter todo o tempo que eu
quiser para o que eu quiser fazer, esse sim é o objetivo último, e não o
dinheiro em si, que acaba por ser só a base para que isso seja possível em
termos práticos).
Ou
seja, no fundo, eu tendo a condicionar o meu presente com m*rdas do passado e
do futuro!
Mas
PORQUÊ?!
Quando
páro para realmente tentar responder a esta questão, surgem uma série de outros
porquês e, caramba, quanta beleza vejo nesta desconstrução. O
processo de desconstruir os nossos porquês é uma viagem linda - e lá está, para
quê a pressa de descobrir já, quando posso simplesmente apreciar essa viagem de
conhecimento a todos os níveis. Para mim, aprender uma coisa nova por dia, seja
sobre mim mesma (tipo breakthrough, realizações), seja sobre os
outros, seja sobre o mundo ou o universo, é algo que me dá um sentido de
autorealização imenso.
Um
dos meus callings
Esta
questão de encontrarmos "o nosso propósito" é uma coisa que sempre me
colocou muita pressão. Antigamente, eu era obcecada por experimentar de
tudo até encontrar algo que seria "a coisa" que eu mais
gostava, para a qual tinha jeito e que podia especializar-me. Essa coisa nunca
chegou, no entanto, o processo de tentar encontrar isso dava-me (e
dá-me) imenso prazer, e levou-me anos a chegar ao pensamento que tenho
agora: o meu calling é esse processo de aprender, de
explorar coisas novas. Já perdi a conta aos cursos e mini-cursos e
formações e mini-formações que fiz e o prazer que tive ao fazê-los para depois
os deixar apenas nesse plano, e não seguir uma profissão relacionada com isso.
E mesmo em termos de profissões e empregos, já fiz e fui tanta coisa, que às
vezes até me esqueço... 😂
Escrevi de forma mais detalhada sobre isso num outro post, no entanto, em resumo, é muito isto. Um dos
meus callings é este e se imagino a minha vida de sonho seria
isso: fazer tudo, uma coisa de cada vez, coisas diferentes, e ter o tempo e
liberdade para poder fazê-lo. Mas aqui começa a primeira limitação autoimposta:
eu não tenho de esperar por um futuro em que terei toda a liberdade e todo o
tempo, para viver esse meu calling AGORA. Aliás, eu sempre o
fiz, mesmo não nos moldes que eu queria totalmente. Se um dos
meus callings é este life-long learning constante,
é despertarem-me interesses de forma espontânea, às vezes só ao ler
uma frase ou conhecer uma pessoa interessante ou ouvir um podcast ou
um vídeo num youtube ou whatever, e sentir logo
aquela urgência (sim, é isso mesmo que sinto, urgência) "tenho de saber
mais sobre isto", enfim, ser aquilo a que eu chamo de uma experienciadora
de vida e tudo o que ela traz de novo, porque não viver esse
processo, mesmo não tendo as condições ideais? (para mim, isso é = tempo e
liberdade ilimitadas).
Apaixonar-me
pelo processo
Não
é nada mais, nada menos do que isto mesmo: apaixonar-me pelo processo
de viver este calling, agora, não concentrando-me
no futuro nem me colocando aquela pressão do "opa, agora gastei 300€ neste
curso e não vou fazer nada com ele para ganhar nada" (ainda recentemente
aconteceu isso, tirei um curso para um side-hustle e depois
percebi que não queria, mas não me arrependi nada de fazer o curso, porque
adorei aquilo a nível teórico! Faria de novo!). Mas ganhei. Foi
um investimento em mim. Não saio a mesma pessoa depois de fazer aquele
curso. Para além das competências que vou adquirindo, torna-me sempre uma
pessoa mais rica, a capacidade de adaptação. Mesmo não me especializando ou não
me tornando extremamente competente nessas coisas, o ter contacto com coisas
novas é algo extremamente valioso, a meu ver. É como as viagens. É
dinheiro "gasto" mas que não é bem gasto. Muitas pessoas evitam
começar coisas novas porque a probabilidade de sucesso é mínima, porque já
existem milhentas outras pessoas a fazer melhor, e isso torna-se desmotivante.
E eu já tive esse problema. Mas como, ao longo dos anos, continuei a sentir
este calling, e mudei a minha definição de "sucesso" e a
minha perspetiva sobre o tema, hoje em dia o sucesso para mim é continuar a
envolver-me nas coisas que sinto que tenho de me envolver, novas porque me
fazem sempre crescer.
Então,
se eu agora tenho de programar a minha vida para fazer tudo isto (cursos,
viagens, retiros, entre outros, mas que geralmente envolvem aprender e
experienciar coisas novas e emoções intensas, lol) à volta de um work
schedule e family schedule (mas sobretudo o work schedule),
não interessa. Um dia não terei de o fazer, mas não significa que no
presente não possa contornar a vida real com a minha vida de sonho. Isso, na
realidade, dá-me muito alento. Deixa-me feliz por saborear o processo. Fazer o
que a minha alma me chama para fazer.
Somos
mais felizes quando vivemos a nossa vida de sonho HOJE
Lembro-me de um livro que li quando estava em Erasmus, chamado The
Geography Of Time. Falava
muito na questão de viver no passado/presente/futuro e em como tendemos a ser
mais past-oriented, present-oriented e future-oriented e sem
dúvida, que naquela altura eu estava numa fase muito present-oriented. Eu
estava ali, a viver aquela experiência com a máxima intensidade, sem me
preocupar com o passado nem futuro e muito honestamente, foi dos melhores anos
da minha vida, um dos quais fui mais feliz, aquela época ficará para sempre
guardada na minha memória e coração com extrema felicidade. E embora
muitas variáveis tenham entrado para essa equação, sem dúvida que o simples
viver no momento presente contribuiu muito.
Estas
orientações vão variando conforme as fases de vida em que estamos. Eu, neste
momento, estou um pouco nas 3 ao mesmo tempo, e por isso me sinto tantas vezes
confusa! Mas, ao identificar isto, isso dá-me uma base para trabalhar e
crescer, o ter consciência disso permite-me muitas vezes aperceber-me quando
estou a viajar e quando essa viagem (ao passado ou futuro) se torna
improdutiva, e consigo chamar-me de volta ao momento presente.
Resumindo
Portanto,
é isso. É trabalhar esta capacidade de viver no hoje, não estando obcecada com
qualquer resultado que queira ter no futuro, e utilizando as minhas feridas do
passado para construir um presente melhor, mais pleno, prazeroso para mim,
vivendo snippets da minha vida de sonho HOJE e apaixonando-me
por todo esse processo. Porque tudo o que temos é o hoje, o agora, e não faz
sentido adiar a felicidade. Escrever este post, por exemplo, é
muito isso. Eu amo escrever, não sou escritura a full-time,
mas esta meia-hora que tirei hoje para escrever isto, soube-me mesmo bem, e
faz-me entrar naquele estado mental de "flow" em
que estou aqui, só aqui, a escrever isto e a tirar um enorme sentido de
propósito disto.
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